domingo, 13 de janeiro de 2013

Dentro da tempestade

Tudo sobre eles sempre foi assim: Tempestade. Água que lava, água que fere, água que alivia, trazendo sua alegria com aquele som bom de dormir a tarde. Quando um se ergue parece que o outro sente: Sente a força que se emana da alma, do espírito ainda doente que luta em se reerguer, do raio que aparece antes do trovão, avisando, pré anunciando, toda carga de emoção relutante em sair, em se libertar, mas que vence por mais um dia. 
Nenhum dos dois tem como se entender nesse momento. Seus segredos dissimulados e dores escondidas, a ressaca dos olhos de cada um pelas palavras de um texto que comove. Decisões inexplicáveis, sentir inveja de quem pode estar ao lado do outro e sorrir porque pode e brincar porque não há dor e falar o que quiser porque não precisa esconder nada. Estar ali por estar ali. Foi isso que eles perderam. A falta. A falta é essa. A da naturalidade do tempo, dos corpos, das palavras, do cheiro, da vontade, do desejo íntimo partilhado...essa naturalidade de poder se sentir a vontade, livre, se sentir como algodão. A falta do algodão, é essa a falta.
O vento que bate-lhe na cara, no corpo ferido, vem direto dele. O vento só se venta por ele. Não sabem até que ponto essa dor é mútua ou partilhada. A confusão sempre lhe vem nos momentos de certeza...é sempre assim: dois passos pra frente, um pra trás. O tempo cuida de certas feridas, mas ele é arbitrário: a velocidade do tempo depende de nós. E ela não quis no começo, ela quis se prender...agora não sabe mais e é quando não sabe que percebe  como está sentindo. 
As melodias do vento se ressignificam, mas sempre terão o significado primordial. Novas músicas se tocam, fazem a pele tremer, ressoam entre as pernas e ela as vezes sente que vai desabar. As vezes faz sol também: a saudade também esquenta. E quando desesperada ela sente o corpo se desenhar nos sonhos dele, percebe que, ainda bem, certas coisas não se podem mudar. Velhas letras sempre serão as palavras mais belas já ouvidas.
Ela sempre espera as palavras que demoram a chegar...responde rápido, meio ainda sem entender tudo o que ele quer dizer...mas tudo bem...a tempestade volta, faz bagunça dentro dela ao mesmo tempo que alivia certos medos...
Até Macondo enfrentou sua chuva apocalíptica...ela também precisa passar pela dela mais uma vez.

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