domingo, 29 de agosto de 2010

Os dois choram em mim

(ao som de sinta vontade de ficar) ou
(ao som de secret)

Duas lágrimas escorrem uma de cada olho, competindo.

Uma de anseio por ela, outra de arrependimento por ele.

Elas brigam pra ver qual causa mais impacto em mim,

Mal sabem, preferia eu que brigassem por outra questão.

As duas, motivos tolos e infames.

Confundindo toda minha certeza

Meu desejo e meu fracasso,

Tudo que forço ao máximo.

Vocês brincando de ludibriar meu coração,

Eu implorei tanto por mais que isso.

Mas as duas me puxam e esticam

Me rodam e me fincam nessa ciranda

Em que rodo de mão em mão,

Por querê-la demais,

(so bad that makes me sick)

Por tentar fazê-lo enxergar a vida,

(aren’t you sick of your faked faces , honey?)

Eu rodo de mão em mão, da dela para a dele

Mãos que rejeitam, mãos em que me deleito,

Mãos as quais imploro aconchego,

Me negando o que quero, me dando o que não preciso.

Ganho afago afetuoso dela,

(but there is no fire in her touch)

Ganho a cretinicine mal mentida dele

(you never learn about me , do you?)

Acho que enquanto minhas duas lágrimas correm

Eu percebo que eu corro para ela e corro dele.

Mas o destino me aproxima dele e a desesperança

Faz ela correr de mim.

Nossa lírica desvairada


Nosso amor, por mais que eu tente, (e como tento)
Não nos torna poesia. É lírica confusa e desmedida.
Meu verso é ávido pela verdade que tu deixas opaca em ti
Enlouqueço ao tentar mais e mais te prender a mim.

Então canto a nossa desilusão, fúria angustiada,
Ela diversifica nosso verso. Verso nosso, você nua em mim.
Verso travado, brilhando tua alma, transcendendo minha ânsia

Te quero puramente pecaminosa

O mundo manda nossos maldosos movimentos das almas
Você viva, nós duas sujas uma do corpo da outra culpando
Uma a outra. Eu vivida demais querendo ter algo pra chamar nosso.

Te quero musicando sua melodia escondida

Nosso amor, descobri agora, não se torna poesia, não
Por nossa causa, mas porque as pessoas não deixam.
Não a deixam. Tu deixas desleixadamente te tomarem de mim.
Ainda sim, te quero toda, inteira menina, mulher minha.

Pena que te quero só para mim.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desejo

Ao som de keeps me warm (Ida Maria)


És lírio em pele, garota, menina minha, mulher do mundo, pro mundo. Te quero assim, toda verdade. Mas como esse texto, você só me vem aos poucos, nunca se dá inteira a mim. Eu, eu quem mais te quis e te quer, quem tenta desleixadamente te conquistar, ludicamente sincera no que sinto. Eu sinto que és tu quem preenche meu vazio e o contemplas ao mesmo tempo.

Pois eu sei q você sente falta do inominável, do rubro de sua pele, do bordeaux do sangue. Eu sou seu maior deleite, a fissura pura que a admira. Sabes bem como me entrego, e sabes bem. Sabe bem do meu medo mascarado medonhamente da sua hesitação. E como tu hesitas. Maravilhosamente em passos de fada perdida em mágica onírica. Você é puro sonho, minha menina. E eu te tenho sonhando comigo todas as noites.

Nem esse teu grito revestido de silêncio te dissimula tão bem, meu bem. És inaudível pra todos que te tocam, mas só eu enxergo a tua música ferida, tua melodia ambígua deliciosamente confundindo meu desejo de ter tua carne toda dentro de mim. Carne minha. Tua carne docemente agra. Eu te quero do jeito mais inocentemente pecaminoso, porque tu és isso: esse desejo escondido de pureza, esse flerte desmedido e culpado por provocar meus maiores arrepios. Arrepios coloridos. Só podem ser coloridos de neon.

Eu te provo ávida por mais. Minha maior provação e redenção és tu, e serás minha redenção à mim. Serei toda por ti. Não te assustas com o que digo. Sou toda medo perto de ti, aliás. Te trato por meu cristal quando sei bem que és esmeralda irradiando tua fortaleza. E bem que eu queria que não fosses pedra, mesmo que preciosa. Porém, tu és o que és, e eu bem que mudaria por ti. O problema é que bem sabemos que o meu te querer bem é mais forte do que eu mesma.

Acho que meu confronto agora em terminar este texto é que eu perdi nossa poesia. Nos perdemos da nossa poesia, na verdade. Eu pensei que éramos a sorte de um amor tranqüilo, mas você deixou nossa fruta ser mordida por outros. Não ligue pro meu melodrama, você sabe bem como sou, e agora que sabe, não quer mais de mim, mais do desassossego intensamente emanado do meu querer-te. Nunca tenho como saber se é isso mesmo, você se treva nesse silêncio, atormentando meus devaneios obcecados em te desvendar. Acabei de descobrir que não és minha menina, mas que é mulher do mundo, indesvendável que és.


Minha menina, me mantém o desejo aquecido?