sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Desvenda-me. Devasta-me.

Ao som de Bliss
"Give me

All the peace and joy in your mind

I want the peace and joy in your mind

Give me the peace and joy in your mind

Everything about you resonates happiness

Now i won't settle for less"

Eles se odeiam, mas pior que isso, se desejam por amor. Ela se entrega inteira ao penhasco de suas lembranças, de suas dores. Ele foge, corre. Ela lhe impede:
Me fode agora
Ele puxa ela pelo cabelo, e mete por trás. Os dois de pé, ela consegue senti-lo inteiro, comendo sua alma.
Me bate
Ele diz não. Não te obedeço mais, nunca mais. Pega nos seios dela, os aperta com força. O quarto meio escuro, a luz da lua entrando iluminando-a em seu gozo. 
Eu quero a morte, ela pensa
Ele a arranha nas costas e começa a mordê-la, enquanto continua metendo bem devagar, mas entrando com muita força. Ela passa as mãos pelas pernas dele e reclina a sua cabeça devagar, completamente insana. Ele lambe de leve sua orelha.
Me mata, me mata agora! AGORA!, ela sussurra dentro de si.
Ele sai de dentro dela, e começa a balançar a cabeça negativamente com um olhar sádicamente penoso. Ela ajoelha-se perante ele, o olha daquele jeito que poucas mulheres conseguem de maneira tão natural e coloca o pau dele inteiro na boca, vai lambendo-o, beijando, olhando pra ele. Ele imóvel, começa a arfar, pode controlar seu rosto, mas nem tudo depende de controle, não é meu bem? ela lambe ele nas bolas, de leve, só a ponta da lingua do jeito q ele gosta, arranhando suas pernas como num carinho. Volta a engoli-lo, repetidamente. desejando cada vez mais senti-lo gozar em sua boca. Sentir a essencia da vida descendo pela garganta.
Ele a puxa bruscamente para cima, e a joga de quatro na cama. Ela mal vira o rosto e ele já está dentro dela de novo. Ela geme, geme furiosa. Prazer e raiva lhe tomam. Lhes tomam. Quem está no controle? e disso que se trata não é mesmo? Então com raiva ele lhe acerta na bunda, a bundinha arrebitada, rendondinha de ninfeta, que ela impina tão bem pra ele entrar cada vez mais rápido. Ela geme mais alto. Ele puxa-lhe o cabelo e diz: mia pra mim, feito uma gata. Geme feito uma gata. Ela obedece, quase sem abrir a boca. Vai gozar, gozar rápido.
Ela sai de dentro dele e vira de frente. Deita na cama e vai se afastando. Ele a olha maliciosamente.Ela o diverte, a quimica entre ambos é tão forte quanto a repugnancia que sentem um pelo outro. Ele vem por cima, ela lhe dá um tapa na cara. Filho da puta! Ele a olha com mais desejo, ela divertida. E vai devagar, brincando com a cabeça na entrada da sua buceta, passando, deixando entrar só um pouco. Ela lhe finca as unhas nos ombros. 
Mete, caralho! Mete! Porra! 
Ele pára. olha pra ela com aquele sorriso cretino e entra. Entra devagar, sentindo ela se contorcer. Ela gozou, ele pode sentir ela pulsando. Ela revirando os olhos, seu corpo inteiro se entregando à ele. Quem mais amou e odiou, quem mais conhecia, agora um perfeito estranho. Desgraçado ainda conseguia desvendar-lhe, mesmo sendo ela quem o desvendou pela primeira vez. Ele continua. também vai gozar. Sai de dentro dela e a põe de bruços.
Enfia o pau todo molhado por entre a bunda dela. A dor latejante. O grito se misturando ao gemido. Seu cuzinho é meu, só meu...ouviu, sua puta? diz que não está gostando, q é pra eu parar! vai, diz. Sua vagabunda, rebola pra mim. Ela em extase, nao sente mais seu corpo. Depois de anos, ele volta assim, todo mudado, um completo cretino, me fode desse jeito e ainda come meu cu. E como é bom e horrível q seja com ele. Onde aprendeu tudo isso? caralho, tá muito gostoso....foda-se.
No meio de tudo, ele vai gozar, ali se fazendo de durão. Esquece completamente quem cada um é. Goza se entrega inteiro ao corpo dela, às saudades veladas, enterradas onde o que é selvagem vive. Tudo volta num instante, o namoro, os anos, tudo que sorriram, que sentiram juntos, toda dor, todas as brigas....Tudo, em cinco segundos de um orgasmo infinito que só poderia sentir mesmo com ela.
Ele sai de dentro dela, ela desfalecida, vira de frente pra ele, em seu segundo orgasmo. Começa a gritar. Por que você veio aqui? o que você queria com isso?  Termina o que você começou, pode levar tudo o que é meu. Só a você eu me entregaria desse jeito, você percebe? e só você conhece minha alma e meu corpo desse jeito. 
Ele de pé, uma lágrima escorre por seu olho...ele de pé, Ela se levanta, lagrimas lhe lavam o corpo devastado por ele. Estão de frente um pro outro.
Maquinalmente e ao mesmo tempo. Ambos tiram o coração do outro com a mão. Sentem pulsar em suas mãos, todo o poder que poderiam querer ter em relação ao outro. 
Ainda nus, começam a comer, devorar o coração alheio, ali mesmo. o sangue se mistura com as lágrimas e com o gozo. Estão se lavando. Finalmente se perdoando, se deixando para trás. Esquecendo o que foi ruim e o que foi bom. Estão se tornando o outro, se invadindo da vida do amor perdido, esquecido. Da tormenta das noites. Dos pensamentos, das lembranças avassaladoras.
Devastando-se pela dor, por amor, pela esperança e pelas promessas perdidas. Desvendando-se, entendendo-se. Compreendendo toda alegria e dor que causaram um ao outro.
O coração, a esfinge de cada um. 
Preferiram a segunda opção:
Devoraram-se.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Te vento em mim

 "Perdido rio
de você, ah meu rio
Você é meu rio
e eu, pedra de rio"

Fez-se um ano que ele se foi. Se foi com o vento, como dor que passa e não volta. Graças a Deus não volta, pai. Meu pai. Você morreu. Eu fiquei. Tudo bem. Tanta coisa aconteceu desde que você morreu. Sonhos se foram, novos nasceram. O amor passou, a dor se fez nova força em mim. Força destruidora, reveladora, me coloriu de tristeza e esperança. Força devastadora, me ensina todos os dias o que você tanto alertou no seu silêncio, na sua espera, no seu vício.
Eu quis tanto te salvar, nos salvar. Fazer felicidade dentro de ti, dentro de mim. Cresci feliz tristeza... você se destruindo eu brincando de me libertar de você, da minha mãe, nossa prisão. Violentados, excluídos. Você se tornou alguém substituível e eu te procurei nos colos amigos, nos ombros alheios, nos beijos enamorados. Não encontrei meu sossego, nem minha paz, pai. Experimentei felicidade, o gosto doce ainda está aqui na minha boca sedenta. Será que você chegou a ser feliz? Pai, hoje eu preciso de perdão. Me perdoa? Perdoa meus erros, minhas fraquezas...me perdoa por falhar nos meus sonhos. Eu não desisti, pai. 
Chorei tua morte desesperada por uns seis meses. Passou. Aceitei quem sou. Aceitei quem você foi. Toda dor se cura quando queremos. O tempo é arbitrário, me disse um amigo. Tempo rei, senhor de tudo, menos de mim. Meu tempo é outro, pai. O tempo da dor e da alegria, da fraqueza e da fortaleza. Sou tudo e nada, pai. 
Eu sei que Deus cuida de você. Cuida de mim hoje, pai. Por favor. Pedi tanto do senhor e você me deu tudo que podia, que conseguia. Sua fraqueza me fortaleceu na dúvida. Na falta de fé pensei em você, pensei na nossa relação, no único sonho que ainda não matei em mim. Tanta coisa aconteceu, pai....tanto passei sem você, e pela sua morte paguei com minhas conquistas. Perdi tudo, todas lágrimas derramei. Pai, tudo será meu de volta. Tu és o exemplo ruim e o melhor. Eu forço tudo, eu pressiono, eu vou até o final, eu não desisto...eu não quis ser como você. Mas hoje eu quero. Eu quero ser um pedacinho do que você foi. Do seu silêncio de dor, da sua paciência, da sua honestidade, da sua redenção. Pai, hoje eu te peço: me ensina tudo. Tudo. Toda sabedoria que me falta. Toda alegria que eu procuro ansiosa. Todo sossego que eu rejeito.
Deixa eu sonhar com você hoje. Amanhã faz um ano. Eu prometi não chorar, pai....mas todo meu rio é por você. Toda meu destino foi traçado graças a você, graças a sua confiança em mim. Eu sei que você desistiu no final. Tudo bem.... tudo bem...aprendi a perdoar, pai. Me perdoa também.
Eu vou vencer nossa dor, nossa desilusão...todo nosso fracasso. Eu me recupero de tudo, o senhor sabe. Sabe tudo, nem preciso lhe falar, você assistiu tudo de dentro de mim. Mas hoje queria seu colo, seu ombro, seu abraço que nunca veio. E eu desejei orgulhosa e vaidosa...mas não pedi. Tão mesquinho, egoísta tudo isso de querer. Quero aprender com você a abdicar, a desistir do que não pode ser nosso, do que resiste a nossa força e à própria força.
Quando eu comecei a me reerguer me puxaram pro abismo de volta, pai. Mas tudo bem. Tudo bem. Vai ficar tudo bem. Eu tomo conta de mim. Sempre foi assim. Quando precisei, me virei, fui dona de mim. Quando quis conquistei, não esperei. Quando doeu, me curei. Eu estou diferente, pai. Eu mudei. Tanta coisa aconteceu. Eu precisei duvidar de mim pra ver que tinha razão. Eu precisei me matar, pro meu sangue voltar a pulsar dentro de mim. Eu vivi na morte. Eu venci nosso fracasso. Mas não me perdoei por ele.
Pai, dorme em paz. Já faz canto nossos sonhos. Deus me sopra no ouvido todas lembranças avassaladoras. O vento sopra em mim tudo de bom que tivemos...e só assim consigo seguir. 
Pai, segue dentro de mim. Não me abandona jamais. Estamos fadados a esse amor doído, deixa ele ser sol em nós.