sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pra sempre...

ao som de I see you soon

A chuva vem tentar acalmar essa febre em meu corpo por saudades tuas. Saudades de quando fazes meu corpo sorrir inteiro por sussurrar me elogios ao pé do ouvido, saudades de quando meu corpo se dá inteiro em gratidão à você: à sua mão que acaricia meu cabelo, à sua boca que sorve sedenta o desejo em meu seio ávido por mais.

Saudades do cheiro forte de seu suor enquanto nos amamos e posso até sentir seu coração bater no ritmo conduzido pela minha alma. Saudades de te sentir inteiro em mim, me fazendo mulher apenas com um beijo; só seu gosto sendo capaz de aliviar a dor de ser fraca, a dor de fazer minhas lágrimas desenharem poesia desiludida em seu coração perfeito.

Nem essa chuva em que sinto cada gota tocar me sutilmente como luzes coloridas consegue me livrar essa falta de você. Eu também não quero me livrar dela. Pelo contrário, essa sensação que a chuva me desperta só me lembra mais do quanto gosto de me ver pelos seus olhos maliciosamente ingênuos. Esse brilho de me amar como eu te amo me traz mais saudades de algo que nunca tive e, mesmo que não concordes, finalmente agora é meu.

E por esse ultimo sentimento te peço perdão: perdão se meus relacionamentos anteriores só me fazem te amar mais, mas não posso negar que essa dor antiga e mal esquecida agora se humilha pro que sinto por você; e nem essa chuva é capaz de levar e lavar todas essas memórias sujas de mim. Daí que tenho mais saudades tuas, pois nunca tomastes meu coração em tuas mãos e o reinastes com dor.

Só sei que sinto mais saudades ainda com essa pseudo-felicidade de me molhar feito criança nessa chuva, especialmente nessa, que vem com gosto do seu acalento e com o som do seu sussurro pelo vento. Pois juntos somos exatamente crianças sonhando o mesmo sonho de amor perfeito no nosso próprio céu. Então como não sentir saudades suas, se é a primeira vez que rezo a Deus para agradecer e não para pedir? Justo você que tem o dom de me fazer a mulher mais feliz do mundo só com um beijo atrás da orelha seguido do “eu te amo” mais sincero da minha vida. E isso já é motivo que me baste para toda essa saudade .

E agora por mais absurdo que pareça, estou com saudade de matar a saudade de você, pois quando esse momento chegar, e está próximo, serás para mim como que remédio para minha aflição, e só seu cheiro e seu toque me aliviarão dessa necessidade egoísta que tenho de ti, e só o seu beijo transformará essa saudade em ansiedade de te ter em mim...

Só sei que nunca amei assim.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O que é meu


Posso sentir cada gota de água quente confortar meu corpo. Cada uma... Escorrendo pelo meu pescoço, desviando provocativamente dos meus seios para, após percorrer minha cintura, aliviar-me obscenamente o ventre sedento e esse barulho do chuveiro agora me soa como o som do metrô correndo, fugindo... Eterno, Exato.

Levianamente, cada gota que me lava se faz lágrima: derramada, doída desesperada. Mas é doce, não salgada, é de gosto conhecido de dor assanhada, safada, repetida. Eu me sinto muito bem e por isso sei que isso de ciúme é como que uma rosa passando pelo corpo nu e ansioso, porém é o espinho que tira o sangue rubro, ávido, amargurado. E é só isso que permanece: a dor. Dor não. É raiva mesmo, e das mais mesquinhas e das menos hipócritas.

Afinal, todo mundo tem essa mania insuportavelmente ignorante de dizer que ninguém é de ninguém, que não há como possuir outra pessoa. Pois como isso? Se não há desejo mais intrínseco ao ser humano do que essa necessidade de se sentir do outro, e no final das contas ninguém deixa de usar pronome possessivo em relação ao outro. Essa mania desassossegada de querer pertencer, de estar junto a alguém, isso não passa até você se sentir possuída por alguém e por possuir em troca.

Eu é que não vou me juntar a esse coro mal cantado, mal medido, mal sonhado dos pseudo-moralistas. Eu me sei muito bem e é por isso que quando uso pronome possessivo é porque possuo, é porque sei bem o que é meu e nem essa água quente que escorre por mim agora pode me limpar disso, nem esse vapor pode esconder meus desejos mais sujos, egoístas, obsessivos.

Eu que nunca me assumi pela metade, tenho agora que ficar ouvindo que tudo não passa de um rótulo e que isso de ter o outro é doença. Mas no final é o que todo mundo quer e precisa: se sentir dentro do outro, ser parte dele, saber que são um. Possuir o outro é ser do outro. Cuidar do que é seu, não é essa a expressão? As pessoas não vão respeitar o que é seu se nem você o trata como seu. E mesmo assim, nem sempre você está livre dessa gente cretina, baixa, diminuta.

Quase me esqueço que isso que sinto me acalentar o desespero de te perder não é seu corpo, mas sim a água quente do chuveiro que me lembra seu amor. Quente, confortante, descomedido. É como que algodão em mim, em minha pele, me desvendando enquanto grito porque tentam te tirar de mim. Descobri recentemente que as pessoas são capazes de muita baixeza só porque são incapazes entender algo chamado respeito. É esse tipo de gente que sai por aí pregando justamente que ninguém possui ninguém. É esse tipo de pessoa que vai passar por você sorrindo enquanto, sem ao menos te conhecer de fato, vai pisar em tudo que você está construindo. E elas vão fazer isso sem pensar duas vezes, porque essas pessoas não pertencem a ninguém, a lugar nenhum. Não têm nada nem ninguém.

Desligo o chuveiro, seu abraço me impede de cair, de falhar, de fraquejar mais. Mas quando eu vencer, eu renascerei porque possuirei você.