segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O texto que OS TRÊS não lerão

O vento ricocheteia em minhas costas...de leve, agradevelmente brisante sobre o calor abafado da tarde primaveril. Porém não me sopra aos ouvidos sedentos aquilo que anseio, aquilo que necessito, ouvir.
O que eu esperava também ?Acho que eu ainda espero. Ainda espero, ainda...ainda...

Agora o ar condicionado me alivia desse transe insuportávelmente abafado, mas só artificialmente...do mesmo jeito que me engano...ainda me engano, ainda...ainda...

Acho que eu gosto de mentir pra mim mesma. Finjo que estou satisfeita quando, na verdade, estou pelos seus restos...ainda estou pelas migalhas...ainda...ainda...

A mentira me alimenta quando sou toda verdade. É então que me percebo apagada; esfaleço por minhas culpas e me derramo aos seus pés por meus pecados porque a sujeira me persegue...ainda sou suja...ainda...ainda...

Minha dor se transfigura em sorriso para que não me consuma a necessidade de aceitar suas punhaladas...ainda apunhalada...ainda...ainda...Porque meu sangue em lágrimas não é suficiente arrependimento. Deus, me perdoa, me lava a alma densa. Lhe suplico! porque eu preciso de alívio para meu remorso hipócrita ainda preciso de alívio, senhor...ainda...ainda....

Me vejo construindo o frágil de novo, pois intensidade solitária é como essa nuvem negra que quer chover mas não consegue sozinha...ainda não chove...ainda...ainda...

Ninguém enxerga que eu quero água pura e benta e casta pra me lavar ? de joelhosfraquejo, imploro palavras vazias quando lhe dou poesia...ainda dou poesia..ainda...ainda...

Voltei a roer as unhas, desesperada, ansiosa, confusa...ainda com medo...ainda...ainda...me rendo, ainda...ainda me iludo, ainda....mas ainda quero voar, ainda...

agora começou a chover...deixa chover então...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Felling....

Eu quero estar livre, ser puramente...

olhar pelo viés do espírito solto...
mas meus sentimentos libertam a minha alma enquanto torturam a minha mente.

Há intensidade suficiente nessa brisa que invade meu corpo para aliviar o fogo que me acalenta e me atormenta e me sustenta e me perturba?

Eu quero que o fogo me consuma, malgrado a brisa me solte e me leve e me sussurre...

ainda assim, o fogo me dá vida !

sentir...eu desejo puerilmente sentir

ao extremo

quero ser o sentir, ser a alegria e a dor que rasga e alimenta sua força interna

ser o sentir suave saudosamente sonhado

sim, simplesmente assim.


Então eu te olho e enxergo tua intenção.

salva-me do desespero da raiva ?

não, claro que não...

queres ver o vermelho de meus olhos, o ódio possessivo que me abstém a calmaria.

Sou empurrada pelo meu desejo a ir contra a maré.(que clichê – o que penso eu agora?)

Eu anseio por desvendar-te pelo olhar e exijo o mesmo interesse de ti...

ao extremo.


Rasga meu limite, força-me a invadir-te

eu só quero sentir

ser fogo abrasador

Sussurra em mim a resposta a qual procuro para sossegar os nossos desejos

eu não quero sossega-los

Mas minha mente é torturada enquanto minha alma é liberta

sim, simplesmente assim...

domingo, 9 de agosto de 2009

Falsa Força

Ouço o barulho entorpecente da cidade.
três meninas de saia passam por mim e eu sinto uma gota de suor escorrer levemente pela minha pele umedecendo minha blusa...levemente.

Então me alieno...meu perfume doce me tonteia alegremente, porque hoje eu não quero enxergar minha realidade, especialmente hoje. Minha realidade me rebate na face cansada e doída, alma doída, coração quebrado.

Alieno-me para não me rasgar por inteira.

E hoje o dia é tão belo e quente. Calor confortante me invade...Será que consegue me curar ? das minhas vergonhas, das minhas quedas em abismos de sujeira colorida (colorida mesmo, porque negro seria muito clichê)
as vezes me afundo porque quero não evitar, mas hoje quero paz de espírito, paz efêmera que me ponha livre por um instante infinito e insanamente inconsciente.

Sinto o batom fresco em meus lábios, que sede por beijar...ósculo profundo que sossegue esse anseio ansioso por sonho.
Forço a aliteração, forço meu desejo e minha dor. Meu Deus, como me forço! Me forço hoje a ser falsa força, força dissimulada pois é só porque me alieno e esqueço que hoje, neste dia, sou forte.

Então, colo um lábio no outro mais uma vez e ponho o pulso embebido em perfume perto do nariz e faleço criando um microcosmo novo e quebradiço que durará um dia, uma noite, um instante falido!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Redenção, salva - me!

Quanto contém em uma lágrima?
todos seus segredos sujos de dor estão nela e mesmo assim mesmo eu ainda a acho tão bela.
porém, quando te fito nos olhos, vejo o vazio do seu espírito e isso me aflige porque eu quero te salvar! só eu quero! ninguém mais vai perceber que você se perdeu absorta em seus medos e “pseudo sustento independente”.

Por que ninguém vê a verdadeira face ?
porque lhes dói aquilo que os desvenda, pois mesmo em tua dor, notas a podridão de cada um ao mesmo tempo que enxerga suas belezas secretas e isso assusta. (será isso mesmo ou só quero ser poética? - e daí ? é verdade mesmo)
vejo – te, flor, definhar em – ou seria por – teus anseios; se bem que nunca quis que os controlasse. ah flor, ainda bem não sustentas esta sociedade hipócrita na qual vais desvaindo.

Apesar de tudo, você não aguentou, não é ?
está cedendo, perdeu tua vitalidade, aquilo que te fazia respirar...qual o nome mesmo? ah, claro, suas paixões pelo mundo. nem o céu, teu milagre particular, te sustenta na fraqueza. fraca, coração, agora já não és mais nem o resto do que foste, do contrário eu não estaria aqui como um resto de lucidez que te alimenta, e tu, deseperada, devoras.

Está com pena de si?
teu simulacro quebrou em tuas mãos de unhas roídas pela ansiedade de tudo, de todos. descontrolada. você sempre foi tão intensa, coração; nunca aguentaram com você. ah...agora és flor já murcha e coração quebrado, mas não lhe tenho pena – como disse sou teu resto de lucidez - ,lhe tenho decepção, pois até flor morta tem um pouco da antiga essência e o coração quebrado ainda traz sentimentos em si.

Mas desististes tão facilmente, não desististes?
acorda sem vontade, se arrasta e ainda por cima, mantém um sorriso mal feito no semblante falso, dissimulado. só enganas porque ninguém quer saber mesmo; estão mais preocupados com o almoço...almoço de tua alma falecida.

Coração, não percebes que só eu quero te salvar?
eu, teu resto de lucidez...no fundo tu sabes que eu sou você! então te salvas, flor! profunda em tua dor, tua solidão...viva, vive seus sentimentos podres se eles te perseguem. sabes que só assim nos salvaremos. pára de perder tempo jogando pérolas ao porcos, guarde-se para si...precisas voltar a se conhecer, coração. volta a sentir, está inerte esperando por alguém que lhe preencha esse vazio de espírito...ninguém preencherá o que é só seu !

Vais esperar até quando, minha flor?
chega de dar, de doar-se, de não-reciprocidade! estou cansada de te ver quebrar por qualquer um. este é o teu momento, coração! recolha-se, seja...o que ? não importa, contanto que se-ja , chega de estar...te quero bem minha flor caída, eu ainda sou aquele resto bom de ti, aquele resto digno e forte em si mesmo...só eu quero te salvar...só eu quero te salvar...só eu quero...só eu...
me reconstrói, flor...precisas de mim, rezas por mim, é só me reconstruir. vais descobrir como, mas esta é uma jornada tua e só tua. aguenta firme um pouco mais e vais descobrir – ou melhor, redescobrir – o quanto és bela!

Coração...mentir pra si mesma é sempre a pior mentira, então seja verdade! saiba o que és e o que não és, e assim curará sua dor...

Só eu, ou seja, vocẽ, pode e quer se salvar!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

renascer...***

As portas do paraíso te abrem as do inferno, porque no fim nada é real. Só te sobram as ilusões, as suas ilusões; mas se é só isso que se almeja, tudo bem, te perdoamos. mas se quer mais, se teu desejo pulsa visceral em ti, o pouco não lhe basta e te assusta o fato de se contentarem com migalhas amorosas num banquete sexual, nada bem minha flor de laranjeira, não te perdoamos. E quando tens dignidade e vais embora nos te atormentamos com dor e arrependimento, que graças a Deus você sabe que é temporário ou assim espera.

Porque dignidade é para os fortes, não é? fazer o que não se quer para evitar humilhação constante, mesmo que seja implicita, sofrimento expandido futuro. mas estás em duvida quanto ao que ganhas com isso, parece te que só perdeste com essa atitude. coração, enxerga a tua moral pelo menos uma vez. sai dessa de se boicotar de novo em desespero pelos outros, pelo outro. quem merece os lírios do campo é você. enxerga-te. liberta-te da escravidão sentimental. paradoxal não acha ? primeiro te amaldiçoamos e agora queremos te lavar a alma suja. sabes por que é assim ? porque você é assim!

Imploras agora por alívio, por conseguir estar só; e sentes que logo logo voltarás a ser o que foi pela metade, agora serás isto por inteiro. íntegra: flor morta com essência viva; renascerás feito fênix, suas pétalas se renovarão e reinarás sobre a tua vida como nunca antes. alcança teu célebre céu, tua intensidade saudosa de sonhar. porém, isso tudo é como que uma visão , faça-a real. absorve , suga direto da fonte de tua dor, e que dela se extraia o antítodo das fraquezas.

Estás sempre a querer mais, não é coração ? nós gostamos que seja assim, e odiamos que seja assim; mas só porque não filtras teus anseios. aprende com tua necessidade de metamorfosear. pelo menos já destes o primeiro passo. milagres podem te reger, permitimos; malgrado preferímos acreditar que isto foi por nossa junção (nossa contigo).

...Sente essa brisa que te acalma o espírito em brasa...é o alivio que nos implorates. respira vida nova invadindo te e trazendo seus novos demônios de volta.