terça-feira, 11 de maio de 2010

Obsessão (Eu e ti, Tu e mim, Nós)

Enquanto meus olhos pesados carregam o fardo incessante de jogar lágrimas a estrelas sem brilho, meus anjos de luz revoltam treva em mim. É quando mais preciso de ti, porém te foges. Sim, te foges: foges de mim e de ti, pois dentro de ti há o amor por mim e, assim, renegas os dois.
Entreguei-te toda minha verdade e fazes dela mentira maliciosamente maldosa e minúscula. Então eu luto em ti, devassando sua dor para que enxergues a minha. Minha dor, meu fardo, minha cruz, mas acima de tudo minha verdade obcecada em me destruir, em tomar de mim uma parte já tomada, mas da qual o que sobrou dou e doei a ti.
É nesse momento que foges. É nesse momento que sei que vou perder-me de ti, pois é quando me devolves em mim, rejeitando minha sujeira... Mal sabes que com ela vem o melhor de mim. É no fundo da minha sujeira que se encontra meu colorido sorriso de Cheshire cat. Por que não me aceitas inteira? Eu não sei ser metade de mim! E nem quero metade de ti, entretanto não é a mim que contemplas com a sua verdade obcecada em mentir para mim.
Foges. E foges para tão longe que meu desespero se faz íntegro em mim, mas de nada me serve a não ser para piorar a tua partida, tua irrevogavelmente insana partida para longe de mim. Revolta me entrego. Faz tempo que não ganho uma luta por mim... Talvez, por nós também. Desisto fracamente de mim porque desistes de nós ludicamente. E enquanto me quebro em suas mãos, tu foges.
Foges para seus vícios infalivelmente falidos de obcecada desilusão. Eles não te curam, meu bem. Minha verdade pura é que te acalenta. É o calor que vem de mim obcecado por ti. Por que não me curas quando só recorro a ti? Mesmo sem teu gosto posso te devolver meu mim paralisado, traídamente sem forças, contudo apenas teu. Eu juro que é só a ti a quem pertenço, mas ainda sim me negas de ti. Não vês que eu já não tenho como continuar sozinha? Me cura, pelo amor de Deus! Faz milagre em mim, pois o que eu sinto só pode ser divino – mesmo cheio de falhas, sublima meu ser terreno.
Meu único anjo, volta para sua casa: meu coração. Me aceita de novo em ti, me faz nova. Agora só tenho a ti e a Deus, porém minha fé falha também. Não consigo ser mais forte em mim, meu fardo me vence. E dele foges, porém ele há em mim. Sê em mim, por favor. Assim nunca te deixarei fugir de mim. Minha obsessão vai te buscar aonde for e mesmo que me tires de ti, serás inteiro em mim, então sua fuga será toda dissimulada.
E enfim vencerei em ti por mim, vencerei por Nós.

4 comentários:

  1. Não conhecia seu lado emocional e nem seu lado lúdico.
    Impressionante!

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  2. Lúdico ? Lúdico é você, Yan. LOL. A última coisa que vi neste texto foi ludismo.

    Muito bem escrito, Aninha. Que este texto possa ter te servido de algum acalento, pois sei que muitos também não conseguem ser metade de si e podem sofrer por isso - como creio que todos nós já sofremos por tal - e, assim sendo, se identificam com tal "algos" que você sente.

    No entanto, isto quando transpõe a barreira da boca, da mente, do nosso inner, parece que não mais quer irromper - levando, como numa enxurrada, nossos sentimentos bons. Enfim, um texto, ainda mais com o advento da internet, sobrevive ao tempo e às barreiras físicas. Que você possa levar um afago (mesmo que pareça pouco, para quem está descrente de si e de todos, como estive há pouco, um "afago" pode ser tudo o que se deseja, como foi meu caso) às pessoas sem voz, mas com muitos e muitos sentimentos, das mais diversas intensidades e durações.

    Você tem talento e matéria a ser expressa. Quem sabe você não será a escritora mais "cult" e glamourosa da nossa geração ? Eu é que não duvido !!

    Beijo. Te amo.

    Renan

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  3. renan, adoreiiii o comentário, meu lindooo!!!
    tb te amo ^.^

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