sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Negação

É engraçado como no computador duas teclas podem retornar ao que estava antes. Ctrl + Z. Simples assim. Fico imaginando ironicamente se meus pais a essa altura contornariam o casamento falido. Uma palavra. Um não para si mesmos. Simples assim. Mas hoje eles também dizem não, mas não é o não que eu espero que eles digam... é justamente o não inegavelmente negativo. Confuso não? (risos) Pois é...estou confusamente envolvida em confusão constante pela dor, pelo amor, pela vida e morte que me rodeiam paradoxalmente.
A TV ligada à minha frente é pura alienação solitária enquanto me aproveito do fim dessa bateria. Ela está no fim como um resto de esperança falsamente dissimulado criado obrigatoriamente por minha consciência inconsciente da verdade avassaladora que me rasga a cada soslaio de bebedeira, de loucura insana, de desespero intimo e doído e raivoso...
Como quero agora fingir pra mim mesma que escrever é uma solução...e então vejo as centenas de palavras ao vento em recados vazios e repletos de remorso e dor e então vejo orações sem fé jogadas a Deus de ninguém e Maria de todos, quando na verdade só eu me prendo ainda a uma fé que alimenta e que anima e que me mente antes de dormir que olham, não só por mim, mas pelo outros por quem rezo, por quem me desespero, por quem clamo ansiosa para despertar...
POR QUE NÃO DESPERTAM? Por que ainda me importo, aliás?
Acho que sempre sei a verdade mas a nego, não quero dor mas ela me atormenta quando venho ao encontro de paz...me persegues na minha felicidade. Como disse a dama antiga :“fora feliz inutilmente”. Não serei tão pessimista hoje. Já estou tão farta de não conseguir ignorar esse rasgo em meu espírito, que voa alto e então cai duramente em concreto sujo...sujo de mim, porque sou toda dor quando caio e sou toda vida quando sou alegria, porque sou inteira em meus sentimentos e não me nego, apenas sou Verdade em meio à lama mentirosa!
Porque ser me dói mas me faz viver de verdade e isso reconforta qualquer dor, malgrado não cure quem me adoece. E mesmo que assim seja, e assim o é, eu ainda rezo, sem força mas não sem fé. Fé falida faminta famigerada que não me nega, mas me cura, me reconstrói, me alimenta a alma sedenta de tudo.
NINGUÉM ENTENDE QUE EU NÃO QUERO ENXERGAR! Chega de encarar de frente tudo que me faz sangrar. Eu só quero poder fingir que isso que escrevo vale alguma coisa e que vai servir pra reflexões futuras quando a verdade é que nem quem me importa que leia isso vai ler. NADA vale! Isso é só desabafo mal feito e que parece reles poesia de boteco.
Me cega da dor, Deus. Me traz alegria sem fim, me resolve os problemas eternos, suplico alívio, suplico calmaria. Eis aí meu Pai, eis aqui tua filha. Quando penso que alcancei felicidade, me vejo agradecendo pela dor. Inegavelmente sinto-me negando minha negação, porque nunca vou aceitar meu fracasso diante da dor que não curo, diante de minha única doença crônica negavelmente curável.

Um comentário:

  1. Tomara que a pessoa que deveria ter lido , leu...
    Se não leu , eu li , e tenho que lidar com a dor que ter lido só agora me causa...Ótimo texto

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